Presidente da CBF é investigado por relações com a ditadura. Petição
pública pedindo a saída da Marin da entidade por Ivo Herzog seria o motivo da
ação.
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José Maria Marin, Presidente da CBF
Foto: Tânia Rêgo/ABr
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A
petição pública aberta por Ivo Herzog pedindo a saída de José Maria Marin da
presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já obteve mais de 25 mil assinaturas.
O que o motivou a
abrir a petição foi a relação entre a atuação de Marin na Assembléia
Legislativa de São Paulo em 1975 e a morte do jornalista Vladimir Herzog no
mesmo ano, após ser preso pelos militares.
Procurado para
se pronunciar sobre a petição, o assessor da CBF Rodrigo Paiva afirmou que o
assunto não tem relação com a instituição e que José Maria Marin entrou com uma
ação na Justiça contra o autor. "Todo mundo fala em democracia. Esse é um direito
constitucional da pessoa se defender de acusações contra ela",
diz.
Ivo Herzog afirma
que não foi comunicado da ação, mas afirma que está aberto ao diálogo com
Marin. "Se
ele não concorda com os pontos que eu estou colocando na petição, estou
disposto a conversar. Me sinto no direito de questionar uma pessoa que tenho
evidências de ter apoiado uma ação contra meu pai", afirma
Ivo Herzog. Ele considera que a CBF deveria se preocupar com o caráter das
pessoas que integram a instituição. "´É uma pessoa que apoiou a ditadura e elogiou
publicamente pessoas que tiveram relação com a prisão de meu pai. Uma pessoa
que tem esse comportamento eu tenho vergonha de ver a frente de uma instituição
que representará o Brasil mundialmente na Copa do Mundo de 2014",
desabafa.
Formada na
Assembléia Legislativa de São Paulo, a Comissão Estadual da Verdade Rubens
Paiva investiga o vínculo do atual presidente da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF) José Maria Marín com a repressão durante a ditadura militar
brasileira (1964-1985). Com base em discursos feitos por Marin em 1975 quando
era deputado estadual, a Comissão pretende analisar sua relação com a prisão do
jornalista Vladimir Herzog, assassinado por agentes da repressão nas
dependências do Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informação - Centro de
Operações de Defesa Interna) em 25 de outubro daquele ano.
Em 1975, José
Maria Marin era deputado estadual em São Paulo pela Arena, partido que apoiou a
ditadura. No período, ele usou a tribuna da Assembléia para criticar o
departamento de jornalismo da TV Cultura, emissora do governo do Estado, então
dirigida pelo jornalista Vladimir Herzog.
Em um
pronunciamento em outubro daquele ano, Marin pediu "providências aos
orgãos competentes em relação ao que está acontecendo no canal 2", que
estava sendo acusado de "infiltração comunista" por um artigo do
jornalista Claudio Marques. Na noite de 24 de outubro, 15 dias após o discurso
de Marin na Assembléia, os policiais chegaram na TV Cultura para levar o
jornalista. Após pedido de seus colegas, Herzog foi liberado para passar a
noite em casa com a condição de se apresentar à polícia no dia seguinte.
No dia 25, ele
foi ao Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações
de Defesa Interna), onde foi submetido a torturas e acabou morto pelos agentes
de repressão.
Fonte: EBC
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